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Os dados foram obtidos a partir da coleta de amostras de sangue de 263 indígenas dos povos Parakanã, Araweté, Munduruku, Kayapó, Kararaô e Xikrin do Bacajá entre os anos de 2020 e 2021

Um estudo piloto publicado na Infection, Genetics and Evolution em março deste ano e que contou com a participação de pesquisadores da UFPA (Universidade Federal do Pará) e do Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo) sugere que algumas populações indígenas da Amazônia possuem naturalmente uma capacidade de evitar a evolução da Covid-19 para forma grave.

Os dados foram obtidos a partir da coleta de amostras de sangue de 263 indígenas dos povos Parakanã, Araweté, Munduruku, Kayapó, Kararaô e Xikrin do Bacajá entre os anos de 2020 e 2021.

Logo no primeiro ano da pandemia, equipes de saúde se surpreenderam ao identificar que a maioria dos integrantes de uma aldeia em Anapu (PA) – município que fica a cerca de 695 quilômetros de Belém (PA) – já possuíam anticorpos contra o vírus da Covid-19. Foi a partir de tal observação que pesquisadores passaram a investigar se algum gene poderia estar relacionado com a intensidade da doença na população local.

De acordo com dados da Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), desde o início da pandemia até 2024, foram registrados 76,6 mil casos confirmados de Covid-19 e 965 óbitos em decorrência da enfermidade entre as populações indígenas. Por conta da subnotificação, é estimado que tais números sejam maiores.

Entretanto, apesar de a pandemia não ter sido mais “serena” aos povos originários, uma imunidade coletiva alta foi obtida pelas populações poucos meses após do início dos casos e uma alta taxa de contaminação. Segundo os pesquisadores, isso é resultado da influência da baixa frequência dos genes ACE1, ACE2 e TMPRSS2, que podem afetar a gravidade da infecção por Covid-19, entre os indígenas.

A pesquisadora Tábita Hünemeier, do Instituto de Biociências da USP, explica que as populações indígenas possuem uma frequência menor de mutações nestes genes, o que altera a gravidade da infecção. “Estamos com um estudo maior agora tentando ver a parte evolutiva. É possível que em algum momento anterior a este, eles tenham sido expostos a alguma virose que, no passado, selecionou alguns indivíduos”, apontou a especialista.

Segundo a pesquisadora, estes genes estão presentes em todas as populações, entretanto, a frequência das mutações no ACE1, ACE2 e TMPRSS2, entre os indígenas, é muito baixa. “O que se viu em outros estudos é que, quem possuía uma frequência alta, terminava com um desfecho pior”, pontuou, complementando que, provavelmente, há a influência de outros genes.

Durante o estudo, foi constatado que indígenas que vivem fora das aldeias não apresentaram tal “proteção” contra o vírus. Segundo Tábita, isso se deve principalmente ao fato de eles estarem mais expostos à doença. “Em geral, os não-aldeados tem uma qualidade de vida pior. Tem mais obesidade, pressão alta, são todos fatores de risco”, esclareceu a pesquisadora, acrescentando que são os mesmo problemas percebidos em outras populações que vivem em contexto urbano.

Em junho, um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Wellcome Sanger, da University College London, do Imperial College de Londres e do Instituto do Câncer da Holanda foi publicado na Nature, sugerindo uma influência do gene HLA-DQA2 na prevenção de uma infecção da Covid-19 em pessoas ao redor do mundo.

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