Em um momento em que no Congresso se discute a votação do chamado “Pacote do Veneno”, proposta que facilitará o registro, a venda e a utilização de agrotóxicos no País, o Observatório de Saúde das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (Obteia), parte Núcleo de Estudos em Saúde Pública (Nesp/UnB), oportunamente realizou o lançamento do livro “Campo, Floresta e Águas – Práticas e Saberes em Saúde” na Reunião Regional da SBPC em Rio Verde, nesta quinta-feira, 18 de maio.
A publicação oferece um panorama nacional da situação de saúde das populações do campo, da floresta e das águas, e com isso proporcionam aos profissionais de saúde, acadêmicos e movimentos sociais uma melhor análise dos desafios e possibilidades para a implementação da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA).
O projeto envolveu um esforço coletivo de quase três anos de pesquisas e sistematizações, e contou com a colaboração de 69 autores de todas as regiões do Brasil. O livro é também um exemplo da dedicação de movimentos populares, pesquisadores e profissionais do SUS no fortalecimento de uma política de saúde para as populações do campo, da floresta e das águas.
“É importante entender os impactos dos agrotóxicos no meio ambiente, na água, na saúde dos trabalhadores e nas populações do campo”, comenta Fernando Ferreira Carneiro, organizador da publicação e pesquisador da Fiocruz-Ceará. “As políticas públicas não chegam para as pessoas que moram no campo. Será que queremos um campo vazio de gente, só com máquinas e agrotóxicos?”, questionou.
O processo de pesquisa e de elaboração do livro utiliza como um de seus princípios a produção compartilhada de conhecimentos a partir da práxis de luta por melhores condições de vida no campo, na floresta e nas águas. Essa publicação também é uma forma de visibilizar a situação de saúde destas populações como sujeitos de sua história e produtores de saberes e práticas de saúde.
Para Carneiro, realizar a sessão de lançamento do livro na Reunião Regional da SBPC, foi um marco para o projeto. “Isso reforça o objetivo do projeto desse livro, de construir ciência com consciência para fazer a diferença na vida das pessoas”, declarou.
O pesquisador conta que a metodologia do trabalho, pesquisa participativa, já teve saldos positivos nos territórios, e se tornou um instrumento de luta para as comunidades. “As comunidades se apropriaram do livro”, conta.
Murilo Mendonça Oliveira Souza, professor efetivo da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Goiás) e integrante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, participou da sessão e falou da importância do projeto incluir de fato as diferentes populações, do campo e da cidade, no processo de construção da ciência. “A ideia desse livro – e dessa nova perspectiva de ciência e de pesquisa-ação – é isso: construir pesquisa, mas não para a vida de alguns, mas para a vida de todos”, argumentou.
Um exemplar foi doado para a SBPC e todos os participantes assinaram como recordação do lançamento.
A publicação, financiada pelo SUS, tem distribuição gratuita. Para mais informações, acesse: https://www.saudecampofloresta.unb.br/
Fonte: Jornal da Ciência